Políticos, lobistas e agiota estavam envolvidos em extorsão de prefeitos no Maranhão; ameaças com armas eram usadas para forçar devolução de parte do dinheiro das emendas.
Uma investigação da Polícia Federal revelou um esquema criminoso que envolvia a venda de emendas parlamentares por três deputados federais do PL, com direito a ameaças armadas e participação de um agiota. O esquema teve como alvo, entre outros municípios, a cidade de São José de Ribamar (MA). A organização exigia a devolução de 25% das emendas destinadas à saúde do município, totalizando cerca de R$ 6,7 milhões, e usava métodos violentos para pressionar prefeitos a repassar o dinheiro desviado.
Os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), junto com lobistas e o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como “Pacovan”, eram os responsáveis pela operação. De acordo com o relatório da PF, os parlamentares pegavam empréstimos com o agiota e, ao receberem as emendas federais para a cidade, ameaçavam o prefeito para que repassasse parte do valor das verbas, que seriam usadas para pagar a dívida contraída.
“O agiota Pacovan empresta dinheiro para os parlamentares, que se comprometem a devolver o valor por meio do desvio de parte dos recursos das emendas parlamentares destinadas ao Maranhão”, detalha o relatório da Polícia Federal.
Segundo os investigadores, Josimar Maranhãozinho era o principal líder do esquema e utilizava uma estrutura criminosa armada para cobrar as ameaças. “O deputado Josimar Maranhãozinho está à frente da organização, orientando a cobrança dos gestores municipais e a devolução dos recursos de forma ilegal”, afirma o documento.
O esquema foi denunciado em 2020 pelo então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, que se recusou a ceder às exigências do grupo e registrou um boletim de ocorrência. O prefeito também afirmou ter sido alvo de ameaças contra sua família. O caso, por envolver parlamentares, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deve julgar a denúncia no próximo dia 25 de fevereiro.
A Polícia Federal descreveu as responsabilidades de cada deputado no esquema. Josimar Maranhãozinho liderava a operação, enquanto Pastor Gil e Bosco Costa também desempenhavam papéis ativos no desvio das verbas e nas negociações com prefeitos para garantir a devolução do dinheiro. Os três deputados são investigados por crimes de corrupção, extorsão e lavagem de dinheiro.
Agora, a Procuradoria-Geral da República aguarda o julgamento do STF. Se a denúncia for aceita, os deputados se tornarão réus e responderão por suas ações. Caso o Supremo rejeite, o caso será arquivado.